quinta-feira, 7 de abril de 2011

O lixo do seu vizinho é mais reciclado do que o seu?

Os autores do grande sucesso editorial “Freaknomics” têm uma interessante interpretação para um fenômeno notado nas eleições suíças, que pode servir de inspiração para uma postura cotidiana sustentável. Dizem eles que havia uma crença de que os suíços adoravam votar, dado que, apesar de não ser obrigatório, a população costumava comparecer em massa às urnas. Porém, ao longo dos anos, notou-se uma queda no comparecimento. O governo decidiu, para facilitar, enviar com antecedência as cédulas, que, preenchidas, poderiam ser expedidas de volta também pelo correio. Era esperado que a participação aumentasse: mais tempo e sem ter que se deslocar até seções eleitorais! No entanto a frequência caiu, sobretudo nos cantões menores. No artigo Why Vote?, publicado no jornal “The New York Times”, os autores Stephen J. Dubner e Steven D. Levitt submeteram o ocorrido à lógica econômica, que eles sintetizam como: as pessoas respondem a estímulos. E concluíram: como não era obrigatório e no país existe a sensação geral de que votar é correto, o ganho dos eleitores era “cívico”. Ao comparecer, mostravam aos vizinhos e conterrâneos que eram cidadãos responsáveis e judiciosos. Essa “recompensa” sumiu quando o processo se tornou “anônimo” com a entrada dos correios. Isto é, não valia a pena votar sem ser visto.
Vamos reformular o raciocínio, adaptando a pergunta ao nosso tema: mesmo que seu vizinho não estivesse olhando, você manteria uma “atitude sustentável?"
Talvez você sim, mas a maioria parece que não. O programa de coleta seletiva do lixo da Prefeitura de São Paulo não é novo, completou 20 anos em 2010. No entanto, a taxa média de reciclagem mensal por habitante é de apenas 280 gramas, o que corresponde ao peso de uma garrafa PET. No final das contas, a Prefeitura recolhe 120 toneladas diárias de lixo reciclável, correspondentes a só 1% de todo o lixo produzido na cidade. Felizmente há melhores exemplos no Brasil: em Porto Alegre o programa de reciclagem processa mensalmente 1,3 quilo por habitante. Mas a Meca da reciclagem está bem ao norte: em Estocolmo, na Suécia, 25% do lixo é reprocessado. Cada habitante da capital sueca recicla em média 12,4 quilos por mês.
As virtudes da reciclagem têm um primeiro apelo, ambiental, evidente, quando nos lembramos do tempo de decomposição dos materiais:
Vidro Mais de 10 mil anos
Lata de alumínio Mais de mil anos
Plástico Mais de 100 anos
Lata de aço 10 anos
Papel 3 meses a vários anos
Filtro do cigarro 3 meses a vários anos
Madeira 6 meses
Restos orgânicos 2 a 12 meses
Mas, ao longo do processo envolvido na coleta e reprocessamento, os outros dois âmbitos da sustentabilidade também acabam atendidos: são gerados trabalho e renda. Segundo Davi Amorim, assessor de Comunicação do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável (MNCR), no Brasil, 800 mil pessoas trabalham como catadores, com uma renda mensal variando de R$ 140 a R$ 300. Na cidade de São Paulo são 20 mil pessoas, reunidos em 94 organizações (cooperativas, associações e grupos não formalizados). Ainda outras mil pessoas trabalham na coleta seletiva oficial da cidade.
Apesar dos números relativamente baixos do volume de lixo reprocessado, existe uma melhora visível: está ficando cada vez mais fácil participar. Nas grandes capitais, por exemplo, vem aumentando o número de pontos de entrega voluntária em estacionamentos de bancos, supermercados, escolas municipais, estaduais e particulares, universidades e condomínios.
É preciso, no entanto, observar algumas regras básicas para que a reciclagem seja eficiente.
Materiais recicláveis:
Os materiais mais comuns encontrado no lixo urbano e que podem ser reciclados são:
  • Plásticos: lave-os bem para que não fiquem restos do produto, principalmente no caso de detergentes e xampus, que podem dificultar a triagem e o aproveitamento do material.
    • Garrafas, embalagens de produtos de limpeza
    • Potes de cremes e xampus
    • Tubos e canos
    • Brinquedos
    • Sacos, sacolas e saquinhos de leite
    • Isopor
  • Alumínio:
    Latinhas de cerveja e refrigerante
    Esquadrias e molduras de quadros
  • Metais ferrosos: latinhas de refrigerantes, cervejas e enlatados devem ser amassados ou prensados para facilitar o armazenamento.
  • Molas e latas
  • Papel e papelão: podem ser guardados diretamente em sacos plásticos.
  • Jornais, revistas, impressos em geral
  • Papel de fax
  • Embalagens longa-vida
  • Vidro: lave-os bem e retire as tampas.
  • Frascos, garrafas
  • Vidros de conserva
Não é necessário separar o material reciclável por tipo, somente separar o material seco do úmido.
Materiais não recicláveis:
  • Cerâmicas
  • Vidros pirex e similares
  • Acrílico
  • Lâmpadas fluorescentes
  • Papéis plastificados, metalizados ou parafinados (embalagens de biscoito, por exemplo)
  • Papéis carbono, sanitários, molhados ou sujos de gordura
  • Fotografias
  • Espelhos
  • Pilhas e baterias de celular (estes devem ser devolvidos ao fabricante)
  • Fitas e etiquetas adesivas.
Este material está disponível em www.BMFBovespa.com.br

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David Franklin