Por: Marisa Silva do Olhar Digital
A esgrima é um esporte pouco conhecido entre nós brasileiros. Ela nos faz lembrar dos duelos de capa e espada da idade média. E, de fato, esse esporte tem suas origens fincadas lá atrás. Mas, hoje, a esgrima é uma das modalidades que mais usa e abusa da era digital. A primeira evolução na competição com espadas foi a criação de coletes metálicos, que, ao primeiro contato da arma – que está ligada à energia elétrica – acende uma luz indicando o toque. A solução parece simples, mas fez enorme diferença.
Fernando Scavasin, atleta da esgrima da Seleção Brasileira explica que, antes da tecnologia, o toque era feito na base do grito. "Quem fazia mais barulho na hora de tocar ou quem gritava mais alto, ou seja, quem impunha mais pressão sobre o árbitro levava o toque. Quando os aparelhos elétricos chegaram, houve uma evolução muito grande no esporte. A brutalidade se transformou em algo mais técnico, com uma beleza maior", explica. Além do aviso visual e sonoro dos coletes, os juízes da esgrima contam ainda com a vídeo-arbitragem. A ferramenta é indispensável devido à velocidade de ataque dos atletas. Com uma câmera comum e um software específico para o esporte, os últimos movimentos antes do toque são gravados e repetidos diversas vezes em câmera lenta. A solução é uma espécie de "tira-teima" e só é usada quando o competidor discorda de uma decisão do juiz. E, claro, existe um limite para isso.
Segundo Fernando, a tecnologia já trouxe grandes benefícios para o Brasil. Ele cita como exemplo o atleta João Souza, que foi para a última olimpíada usando o 'florete'. "João usou a vídeo-arbitragem em três toques, fazendo com que os árbitros voltassem átras nas decisão. O combate pré-olímpico teve pontuação de 15 contra 13 para o brasileiro. Ou seja, os três toques teriam feito com que ele perdesse a vaga olímpica. A videoarbitragem é um grande benefício para o esporte", diz.Se você pensa que as artes marciais se limitam às tradições milenares, preste atenção. Parecido com a esgrima, o taekwondo também tem um colete especial sensível ao toque. Por baixo do acolchoado para minimizar o impacto estão centenas de sensores. A inovação veio da Coréia do Sul, e é obrigatória nos principais eventos do esporte. Até a meia possui um chip que identifica o contato. A marcação é identificada no próprio colete e também é transmitida instantaneamente para os computadores dos juízes.
No tênis, o "tira-teima" é ainda mais moderno; é o famoso Olho do Falcão! O sistema foi criado na Inglaterra. São 12 câmeras estrategicamente instaladas ao redor da quadra: elas mapeiam todos os movimentos da bolinha que, muitas vezes, viaja acima dos 200 quilômetros por hora! As imagens da bolinha captada na quadra são repassadas para um computador central onde um software reproduz o trajeto da bola em três dimensões com precisão milimétrica. O sistema só é acionado quando o atleta se sente prejudicado por uma marcação e pede o replay eletrônico. Como custa muito caro, o Olho do Falcão só está presente nos principais torneios do mundo.
Outros esportes como a corrida de cavalos, automobilismo e natação também usam câmeras de alta sensibilidade e sensores para julgar resultados.
Fernando diz ser a favor de tudo que deixe o esporte mais justo e saudável e completa: "O futebol ainda está parado".
Pois é, o conservadorismo da Federação Internacional de Futebol – a FIFA – ainda impede a utilização de sistemas similares ao do tênis nos campos. É exatamente por isso que casos como este ainda ocorrem: na Copa de 2010, na partida entre Inglaterra e Alemanha, quando o placar ainda era 2 a 1 para os alemães, o árbitro uruguaio não validou um gol legítimo dos ingleses. Muita gente diz que faz parte da mística do esporte... mas, cá entre nós, cheira mesmo a atraso. Porém, mesmo no futebol há esperança. Há quem acredite que o Mundial de 2014, que vai ser disputado aqui no Brasil, seja o primeiro a usar a tecnologia para evitar erros grotescos como este na África do Sul. Hoje, o máximo que é usado nas partidas é um discreto sistema rádio-comunicador que permite a troca de informações entre a equipe de arbitragem.
Na semana que vem, na série "Esporte Digital", você vai conhecer os avanços tecnológicos na medicina esportiva. Por que será que hoje os atletas se recuperam tão mais rápido do que antigamente? Antes da semana que vem, aproveite. Nós separamos um joguinho bem legal para você mesmo brincar com o Olho do Falcão do tênis. Aproveite e opine na nossa enquete: você acha que o futebol está mesmo atrasado?!
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